Uso das TICs no combate ao COVID 19 e como política pública acessível às pessoas
Criar alternativas tecnológicas que minimizem o impacto da COVID 19 e auxiliem os profissionais de saúde a combatê-la e o cidadão comum, a reconhecer os seus sintomas e evitá-la. Com esse propósito, o Porto Digital se associou ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e ao Governo do Estado, na busca de soluções inovadoras que auxiliem no combate à pandemia. Foram aprovados oito trabalhos, que receberão o investimento total de R$ 1,3 milhão para que sejam desenvolvidas em pouco tempo e tenham o maior impacto possível. Ao todo foram submetidas 543 propostas de diversos estados brasileiros. A iniciativa foi notícia nos jornais locais desse final de semana.
O SINDPD-PE enaltece essa iniciativa, ressaltando que o movimento sindical de TI sempre defendeu que a TIC seja encarada como uma política pública necessária e amplamente aplicada para melhorar a vida das pessoas, ampliar a participação e o controle social, para a garantia da transparência na ação pública e para a proteção da privacidade dos cidadãos. E é isso que vimos nessa iniciativa! Profissionais pensando e desenvolvendo tecnologias para salvar vidas!
Mas ainda convivemos com um contrassenso. Infelizmente, esse momento em que a tecnologia se torna um importante aliado, o número restrito de pessoas que podem acessar esses dados, torna-se mais um desafio. A grande desigualdade social registrada no Brasil, exclui automaticamente dessas políticas pessoas que não dispõem de renda, moradia e educação. Outra parte significativa da população, de forma geral os jovens, utiliza planos pré-pagos básicos ou wi-fi gratuita (disponíveis apenas em alguns espaços públicos e grandes áreas comerciais), o que restringe ainda mais o acesso à informação. Sem contar, a total falta de familiaridade da grande maioria dos idosos com as novas tecnologias. Tal realidade pode ser vista no filme Eu, Daniel Blake, que conta a história de um homem que após sofrer um ataque cardíaco, busca receber os benefícios concedidos pelo governo, mas esbarra na burocracia instalada pelo governo, amplificada pelo fato dele ser um analfabeto digital. E isso tem que mudar!
Esperamos que essa pandemia nos traga grandes lições e, passado esse momento, que os Estados invistam mais em TIC e valorizem suas empresas e seu corpo funcional. Temos que ter empresas estatais de TI fortes, que se beneficiem do conhecimento e das inovações produzidas pelo Porto Digital. E ainda trabalhadores e trabalhadoras qualificados e com seu valor profissional reconhecido! Sem isso, estaremos fadados ao isolamento e ao aprofundamento da exclusão tecnológica, uma ferramenta que tanto pode contribuir para o combate à desigualdade social e a democratização do acesso à informação.