Roda de Conversa promovida pelo SINDPD-PE discute Saúde Mental e Assédios no Ambiente de Trabalho

Prática que tem crescido nos locais de trabalho e que vem trazendo como uma de suas consequências o adoecimento mental, o assédio moral tem uma atenção especial neste mês de maio, quando se celebra o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral (2/5).
Atenta a esse problema, a direção do SINDPD-PE promoveu no último dia 6/5 uma Roda de Conversa sobre Saúde Mental e Assédios no Ambiente do Trabalho. O evento teve como foco o debate sobre as alterações da NR-1 e NR-5, que sofreram alterações recentemente e o impacto dessas medidas na efetiva prevenção na saúde mental de trabalhadores e trabalhadoras e contou com a participação de diversos/as cipeiros/as.
O evento aconteceu através da plataforma ZOOM e contou com a participação da professora da UFPB e pós doutora em psicologia, Thaís Máximo; da Advogada e mestranda em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela UNICAMP, Luciana Barretto e do Médico do Trabalho e professor na área do Saúde do Trabalhador do Departamento de Saúde Coletiva da UNICAMP, Sérgio Roberto de Lucca. A mediação do evento coube à Secretária de Políticas Sociais do sindicato, Liana Araújo.
Iniciando as falas, o professor Sérgio Roberto apresentou o dado de que o principal fator psicossocial de adoecimento no Brasil é o assédio, lembrando que a NR-5 introduziu os fatores psicossociais no trabalho como riscos ocupacionais. Segundo ele, desde o período da pandemia, no ano 2000, cresceu o número de benefícios previdenciários em 134% por incapacidade temporária e que só em 2024 foram registrados 402 casos de transtornos mentais, como estresse, ansiedade, transtornos depressivos e depressão recorrente. “Com as novas tecnologia e a reorganização das empresas, com formatos de trabalho presencial, híbrido e virtual, cresceu muito os conflitos éticos, a competitividade e a necessidade de atingir metas. Nesse cenário, o assédio moral e virtual ganhou novos contornos”, detalhou.
Luciana Barreto lembrou que a atribuição das CIPAS em acompanhar os casos de assédio nas empresas entrou em vigor neste mês de maio, mas apenas em maio/2026 as empresas começarão a sofrer fiscalização e penalidades. Ela demonstrou preocupação com a prática de algumas empresas, que vem aplicando testes junto a seus empregados, buscando identificar um perfil de adoecimento mental levando em consideração apenas questões pessoais, sem levar em conta o clima organizacional, o que é uma falha. ” É papel dos cipeiros fiscalizar se a legislação está sendo cumprida e se de forma correta”, alertou.
Para Thaís Máximo, é importante lembrar que o trabalho nunca é neutro e poder favorecer à saúde, ou a um clima de adoecimento e apontou o preconceito como uma das dificuldades encontradas pelas pessoas que tem adoecimento mental. A professora alertou que as pessoas são impactadas de forma diferente e fatores como carga de trabalho excessiva, má gestão de mudanças organizacionais, assédio psicológico e sexual são alguns do motivo que podem gerar o problema. “É preciso discutir o que pode ser feito para prevenir esses efeitos, para acolher e cuidar de quem já está fragilizado e tornar o ambiente de trabalho mais saudável”.
Conferência
Tendo como tema prioritário a saúde do trabalhador, a CUT-PE organizou nesse mês de maio a 1ª Conferência Livre de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, que aconteceu no Auditório do SINDSPREV, em formato híbrido. O Tema da conferência, As Novas Relações de Trabalho e os Velhos e Novos Adoecimentos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, foi debatido em duas mesas, com painéis sobre As Novas e velhas relações de Trabalho e os impactos na saúde dos trabalhadores e Fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. O evento também elegeu os delegados à 5ª CESTT (Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora).
A diretoria Liana Araújo, representou o SINDPD-PE no evento e destacou a importância da realização da Conferência, que tem o papel de conferir o está sendo feito, como está sendo feito e sugerir novas políticas para alcançar justiça social para a classe trabalhadora. “Estivemos presentes na Conferência porque o SINDPD-PE acredita que a saúde do/da trabalhador/trabalhadora precisa estar conectada as mudanças constantes que acontecem na sociedade, seja nas leis, no meio ambiente, na organização do trabalho, na construção da cultura social, ou na pauta da classe trabalhadora”, destacou.