SERPRO inicia guerra de narrativa para sensibilizar os trabalhadores a pagarem por privilégios da diretoria

Em nota divulgada na última sexta-feira (11/7), o SERPRO afirmou que apesar de ter obtido no ano de 2024 o maior lucro líquido da sua história (R$ 685 milhões) e uma receita até maio/2025 maior do que o valor obtido no mesmo período do ano passado, teme por sua saúde financeira, basicamente por causa de três fatores:
1) Reoneração da folha devido à recomposição da contribuição previdenciária padrão;
2) Crescimento natural da nossa folha de pagamento;
3) Impactos do Contingenciamento e da Inadimplência dos Clientes OGU
Não há dúvida que uma nota dessa em plena campanha salarial, visa sensibilizar os/as empregados/as a pagarem mais uma vez a conta dos privilégios da diretoria da empresa. Contudo, utiliza de muita desfaçatez para fazer a singela pergunta: “E por que o SERPRO está falando disso agora?”, arrematando com uma resposta que fala de transparência e possibilidade de não-atingimento de metas.
Convenhamos, após os diretores receberem suas polpudas verbas de RVA em valores que chegam a R$172.530,64, como no caso do Diretor Presidente, num total de R$ 652.706,35 mil para toda diretoria e terem se autoconcedido um reajuste de 15% na remuneração que recebem (solicitaram à SEST 18,44% de reajuste), virem falar que estão preocupados com a saúde financeira da empresa, chega a ser cômico, se não fosse trágico. Alegar possível “colapso” em 2030 é não querer reparar agora, perdas recorrentes dos/as empregados/as.
O SERPRO esconde em sua nota que economizou nos últimos anos em cima dos/as trabalhadores/as, repassando para eles/as o custo de energia ao colocá-los/as em home office; os custos do plano de saúde, ao reduzir drasticamente a participação da empresa no custeio; subtraindo direitos do ACT e demitindo empregados/as no PDV, ou outras formas de desligamento.
Se houver o mínimo de sinceridade nas palavras da direção do SERPRO, ao invés de soltar notas com chororô em plena campanha salarial; ameaçar trabalhadores/as PSEs com demissão, como fez recentemente, ou querer reduzir direitos e benefícios/as dos trabalhadores/as, sugerimos as seguintes medidas:
– Redução de gastos da diretoria com viagens internacionais;
– Redução de gastos com consultorias em contratos suspeitos (com a FIA e a Gartner Group somam 78,2 milhões);
– Retomada do programa de software livre para reduzir não só no SERPRO, mas também em outros órgãos do governo, as despesas com softwares proprietários garantindo soberania digital para o país;
– Evitar medidas irresponsáveis que põem em risco a segurança jurídica da empresa como fez no caso da incorporação das FCTs;
– Não usar indefinidamente de medidas protelatórias na justiça do trabalho, que só fazem aumentar o tamanho dos passivos da empresa;
– Não terceirizar serviços, principalmente da área-fim da empresa, de forma a não precarizar o trabalho e a qualidade dos serviços;
– Oferecer um tratamento mais respeitoso, saudável e humano aos empregados de forma a estimular a já elevada produtividade dos mesmos;
– Oferecer incentivos reais aos trabalhadores e trabalhadoras nos PDVs, de forma a atingir um quantitativo maior de adesões.
– Atender aos pleitos dos empregados/as mais novos na empresa, para reter talentos e não fazer a terceirização
Ao invés de iniciar uma guerra de narrativas, negar toda a pauta apresentada pelos trabalhadores e querer fechar uma assinatura de acordo por dois anos, condicionando o reajuste do segundo ano ao atingimento de 85% da meta do lucro, a direção da empresa deveria ser mais coerente, propositiva e flexível na mesa de negociação.
Confira aqui a Ata da reunião com a empresa