Desmonte do SERPRO atinge as áreas de Saúde do Trabalhador e Responsabilidade Social da Empresa
Está em curso o desmonte das empresas públicas promovido pelo atual governo, cuja meta final é privatizar a maior parte delas, por mais que essa proposta seja irresponsável e insensata, dado o grau de destruição do patrimônio público e impacto social negativo com a provável demissão de muitas pessoas e precarização dos serviços prestados à população. Apesar disso, a direção do SERPRO parece cada vez mais empenhada em colaborar com esse projeto e agora dá prosseguimento a ele atacando as áreas de saúde do trabalhador e responsabilidade social da empresa.
Aproveitando o momento de pandemia, em que o corpo funcional encontra-se trabalhando em casa, a Diretoria da empresa segue adotando uma postura cada vez mais agressiva no sentido de concretizar a privatização. Prova disso é que nos últimos 2 (dois) meses foram tomadas as seguintes decisões:
– Alteração do Estatuto da Empresa – esta medida visa adequar os normativos do SERPRO ao estatuto-modelo de governança das estatais definido pelo governo que, em última instância, visa adequá-las para as privatizações;
– Fechamento de escritórios – medida adotada de forma desumana, desrespeitosa e sem a menor transparência, contra os/as empregados/as lotados/as naqueles locais. Sem qualquer aviso prévio esclarecendo o futuro dessas pessoas, elas simplesmente foram mandadas para casa de forma constrangedora, tendo que ir buscar seus pertences em sacos de lixo, o que causou muita indignação, tristeza e ansiedade para elas;
– Mudança da sede do Fundo Multipatrocinado de Previdência Complementar – SERPROS, do Rio de janeiro para o Distrito Federal – atropelando a lei e o estatuto do SERPROS, e desrespeitando os empregados da empresa que são filiados ao SERPROS, a direção do SERPRO cometeu praticamente uma intervenção branca naquele instituto de previdência, impondo a mudança da sua sede para Brasília, no prazo de 90 dias, sem apresentar nenhum estudo de viabilidade técnica que justifique a decisão e violando o artigo 4º do Estatuto;
– Abandono da política de software livre – mal sentou na cadeira de Presidente o Diretor Gileno acabou em uma só canetada com a política de software livre da empresa, jogando de vez o SERPRO nos braços do “Deus mercado”, nas ações concernentes ao desenvolvimento de software. Tal medida representa o total desprezo pela lógica de desenvolvimento compartilhado e dos benefícios que ela trouxe para a empresa em termos de economia e absorção de conhecimento desde a sua adoção há cerca de 16 anos;
– Criação de Norma com viés de censura – enquanto a direção da empresa adota medidas arbitrárias e algumas notoriamente frágeis em termos de legalidade, ela parece querer intimidar os/as empregados/as por meio de uma norma bastante ambígua, dado grau de subjetividade e o tom ameaçador que apresenta ao tratar de supostos comentários em redes sociais que venham a “denegrir a imagem da empresa”.
– Deslocamento dos/as profissionais de psicologia da área de saúde para área de carreiras – em plena pandemia, quando a possibilidade de casos de doenças mentais ampliarem mesmo após o retorno ao trabalho presencial, essa mudança mostra a insensibilidade da direção da empresa e o descaso com a saúde dos/as trabalhadores/as;
– Realocação do pessoal que faz atendimento no Espaço SERPRO Cidadão para a área de gestão de pessoas, para desempenharem atividades diferentes das que executavam naquele espaço – a depender da sensibilidade e responsabilidade social da atual direção da empresa, é de se esperar que estejam aproveitando este momento de pandemia, no qual o serviço não pode ser prestado para a população, para encerrarem de vez as atividades.
A tentativa de retirada de direitos do Acordo Coletivo e a demora para retomar as negociações da atual campanha salarial são posturas que, somadas a esse conjunto de medidas, mostram o desprezo que a direção do SERPRO tem pelos empregados e empregadas da empresa e pela coisa pública. O projeto que essas pessoas defendem só vislumbra a transferência de bens e patrimônios públicos para a iniciativa privada. A meta é privatizar tudo e a qualquer custo. A população que ficará desassistida e as pessoas que ficarão desempregadas, são meros detalhes.
Por tudo isso, já não causa espanto que o direito ao trabalho, à aposentadoria, à saúde e até mesmo à vida das pessoas sejam atacados pelos defensores de tal projeto, o que não pode acontecer é que esse plano tão macabro e destrutivo seja implementado sem qualquer resistência. Fiquemos atentos e preparados para os embates que teremos pela frente. Afinal, já dizia o poeta: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.
#NãoàPriovatizaçãodoSerpro